Category: Poemas
A felicidade é uma flor que não se deve colher
Porque quem a colhe nunca tem minerais e água
E a pétala cálida desfalece
E o receptáculo perder sua cor
E quando percebe-se que está murcha
Queremos enchê-la de água
Causamos-lhe sofrimento
Sem perceber
De ingênuos idiotas que somos
De pensar que nutriríamos a flor
Que esta nunca nos deixaria
Que permaneceria seu néctar
Produzindo noite e dia
Melhor deixá-la
Não colher
Deixar que viva sozinha
E de longe, admirá-la
Pois colher uma
E depois outra…
Torná-las banal.
Mist.
Por vezes as noites duram meses
Por vezes os meses, oceanos
E por vezes os braços que apertamos
Nunca mais são os mesmos
E nossos próprios braços não são os mesmos
E por vezes encontramos em nós
Em um dia
O que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes lendo Fernando Pessoa entendo que poetas são os que
Por vezes fingem que lembram que suas vidas não são o que são
E escrevem uma, querendo esconder a real
Por vezes então, chego que não sou poeta
E por vezes por escrever, penso que sim
Por vezes penso que seria feliz se não fosse detalhista
Por vezes esqueço que tinha que pensar com a mente,
E penso com o coração,
E perdendo a razão, ignorando minha mente,
Sofrendo
Por vezes lembro que por vezes
Que se pensasse pela mente
lá no fundo pensaria pelo coração
Por vezes sorrimos ou choramos, ou e choramos
E por vezes por vezes
num segundo ao seu lado
tornam-se anos
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
QUEM FAZ A HISTÓRIA
Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes dos reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedra?
E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os levantou?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para seus habitantes?
Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritaram por seus escravos.
O jovem Alexandre consquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses,
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?
Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Fredrico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as despesas?
Tantos relatos.
Tantas perguntas. Bertolt Brecht (1898-1956)
Agonia,
O que quer ao invadir minha alma?
Não posso entrar em todos os atos com palavras
É verdade que sei e já estou farta de saber
Há coisas não dizíveis, moradores de outros lugares
Onde as palavras nunca estiveram,
Onde as vozes não alcançam
E que por mais que a visão tente
Não conseguirá agrupar todas as imagens
Em uma só cena…
Investigo os motivos que me mandam escrever
E examino os recantos profundos d’alma
E isso só conclui uma coisa
Longe de ser palpável
Confesso-lhes, é o amor
Pergunto-me na hora mais tranqüila da minha noite
Morreria eu, se fosse vedado o amar?
Então, como sempre a resposta é constituída
por um simples e mero “sim”, sei que minha
vida será construída de acordo com esta necessidade.
Hey, você consegue ouvir minha voz te chamando?
Isso está atingindo o seu coração?
Eu queria ser capaz de conduzir as palavras
para não dizer, não precisar dizer
E só essa canção vou te enviar
Espero que entenda o quanto me motivou
a viver, a sonhar, a amar…
Porque todas as memórias que fui capaz
de acumular… com você… jamais serão esquecidas.