Archive for setembro, 2012


Essas mães maravilhosas e suas máquinas infantis

Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães do amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade – imaginem – se limitava a brincar e ir à escola. andava em total descompasso com os outros meninos, que já desenvolveram múltiplas e variadas atividades desde a mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto Peter, filho de uma  brasileira e um canadense, nascido em Nova Iorque. Peter tão logo veio ao mundo e entrou para um curso de amamentação (“Como tirar o leite da mãe em 10 lições”). A mãe descobriu numa revista uma pesquisa feita por médicos da Califórnia informando sobre a melhor técnica de mamar (chamada técnica de Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou até os 40 anos). A maneira da criança mamae, afirma os  doutores, vai determinar suas neuroses na idade adulta. Uma tarde, Flávia percebeu duas mães cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um menino que aos seis anos de idade só brinca e vai à escola? Flávia começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido pelo braço dizendo que os dois precisavam ter uma  conversa com o filho.

– O que você gostaria de fazer, Paulinho? – perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma impor suas vontades.

– Brincar…- o pai fez uma expressão grave.

– Você não acha que já passou um pouco da idade, filho? A vida não é um eterna brincadeira. Você precisa começar a pensar no futuro. Pensar em coisas mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não gostaria de praticar algum esporte?

– Compra um time de botão pra mim

– Botão não é esporte, filho.

– Arco e flecha!

Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos do prédio fazia curso de arco e flecha. Paulinho seria o primeiro. Os vizinhos certamente iriam julgá-lo como uma criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao garoto e perguntou por que ele não fazia natação.

– Tenho medo.

Se tinha medo, então era pra natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho entrou para a natação. Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições chegava sempre em último, e as mães dos coleguinhas continuavam olhando Flávia com uma expressão superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um torneio surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu imitar as outras mães, e além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês, judô, francês, terapeuta, logopedista. Botou até aparelho nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam Paulinho para brincar depois do colégio.

– Não posso, tenho aula de hipismo.

– Depois do hipismo?

– Vou pro caratê.

– E depois do caratê?

– Faço sapateado.

– Quando poderemos brincar?

– Não sei. Tenho que ver na agenda.

Paulinho andava com uma agenda Pombo debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais cansado do que o pai em dia de plantão. Nunca mais brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só pra mostrar aos amiguinhos do prédio. Paulinho dava um duro dos diabos. “Mas no futuro ele saberá nos agradecer”, dizia o pai. O garoto estava sendo preparado para ser um super-homem. E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um dia Flávia flagrou o filho com uma gravata à volta do pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse ao pai que a partir daquele dia queria receber mesada em dólar. Aos oito anos abriu o berreiro porque seus pais não lhe deram um cartão de crédito de presente. Com oito anos , entre uma aula de xadrez e de sânscrito, Paulinho, saiu de casa muito compenetrado. Os amiguinho da rua perguntaram onde ele ia:

– Vou ao banco.

Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e pagou a conta de luz como um homenzinho. A façanha do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achá-lo um gênio. As mães dos amiguinhos deixaram de olhar Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam sentir-se orgulhosos. “Estamos educando o menino no caminho certo”, declarou o pai batendo no peito. Na festa de 11 anos, que mais parecia um coquetel do corpo diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele queria ser quando crescesse.

– Criança!

Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência, tornou-se um jovem alto, fortem espadaúdo. Virou Paulão. Entrou para faculdade, formou-se em Economia. Os pais tinham sonhos de vê-lo na Presidência do Banco Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou aliviado por sair de baixo das asas da mãe, que até às vésperas do seu casamento queria colocá-lo num curso de preparação matrimonial. Na lua-de-mel, avisou à mulher que iria passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão trancado no seu gabinete de estudos. Uma tarde, o marido esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou, abriu e deu de cara com Paulão sentado no tapete brincando com um trenzinho.

O Homem e o pano enrolado à sua cintura

Em um lugar do oriente, onde o clima é ameno e não são necessárias muitas roupas, havia um homem que resolveu desistir de todas as questões materiais e retirou-se para a floresta, onde construiu uma casa para morar.

Sua única roupa era um pano que enrolava à cintura. Mas, para seu azar, a floresta era infestada de ratos e então ele buscou um gato para morar com ele. O gato precisava de alimento, de leite para poder viver, então trouxe uma vaca.

Como a vaca requiria cuidados, ele teve que empregar um vaqueiro. Esse rapaz precisava ter onde morar, e por isso foi construída uma casa para ele. Para tomar conta da casa, acabou por isso construindo uma casa para ele. Para tomar conta da casa, o vaqueiro chamou uma moça para limpar a casa em troca de alimento. Para que a moça tivesse companhia, pois era jovem, chamou mais pessoas que conhecia, e outras casas aos poucos foram sendo construidas. Desse modo brotou ali uma pequena audeia.

E o homem pensou: Quanto mais tentamos fugir do mundo e suas exigências, mais elas se multiplicam.

 

 Lenda hindu, P.V.Ramaswani Raju

Caliban – I Am Nemesis

Caliban é uma banda de metalcore formada em 1997 e logo que se formaram já começaram a produzir material para seus, os quais até hoje não foram lançados em nenhum dos seus álbuns. No início a banda se chamava Never Again e depois de seis meses, assumiu o nome atual. A banda gravou dois split albuns com a banda Heaven Shall Burn. Caliban hoje é uma das bandas mais influentes na Europa no cenário do metalcore.

Ano:  2012

País:  Alemanha

Membros:

Andreas Dörner – Vocalista
Denis Schmidt – Guitarra, Vocais Limpos
Marc Görtz – Guitarra
Marco Schaller – Baixo, Backing Vocals
Patrick Grün – Bateria

Comentário:

“I Am Nemesis” é o oitavo disco da banda e vem seguindo a linha dos dois últimos. Até escrever esse post ouvi apenas esses três últimos mas foi possível entender a proposta da banda, com letras pesadas como na “24 Years” do “Say Hello To Tragedy” que abre o cd destruindo tudo. A capa de um rosto funéreo semelhante a um corpse paint, até mais macabro por parecer uma foto de um morto em preto e branco dá uma falsa expectativa nas letras. Na “Memorial”, um dos meus sons preferidos deles, com a ajuda do clipe e da letra podemos acabar com a ambiguidade de interpretação. Mas ainda há letras bem críticas e ferozes. O vocal limpo nos refrões são o ponto mais forte do álbum. Um refrão espectacular é da última faixa “Modern Warfare” que mistura o scream com o vocal limpo, uma combinação impecável.

 

01 – We Are the Many
02 – The Bogeyman
03 – Memorial
04 – No Tomorrow
05 – Edge of Black
06 – Davy Jones
07 – Deadly Dream
08 – Open Letter
09 – Dein R3.ich
10 – Broadcast to Damnation
11 – This Oath
12 – Modern Warfare

 

Tamanho:  77 MB

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Ambas as partes

O Ensino, independentemente de ser transmitido em escola pública ou privada, contém muitos erros. Segundo Nietzsche o maior deles é o fato de ser obrigatório para todos. Não por acreditar que a educação deveria ser procurada por aqueles que tivessem interesse, como o filósofo alemão sugere, mas por causa do sistema. Mesmo assim, o interesse no estudo tem que primeiro ser despertado. Para isso é necessário conhecer as áreas basicamente para só assim escolher. Mesmo que muitas crianças e adolescentes não se conformem em aprender certas coisas, como ciclo reprodutivo das árvores em biologia, certamente se não aprendessem, perguntariam “Como assim uma árvore se reproduz com outra?”

Diante do mundo atual, onde a formação intelectual é tã valorizada, mesmo que o método de ensino no Brasil contenha erros, as Instituições Educacionais são um importante meio de formação dos cidadãos. Aprendem a conviver em sociedade, trabalhar em equipe, mesmo que não saiam do 3° ano do Ensino Médio semianalfabetos ou sem saber resolver uma equação do primeiro grau.

Cada pessoa tem um ritmo próprio de aprendizagem e às vezes facilidade em apender algumas coisas que não estão no ensino fundamental ou médio. Quando pais se deparam com o sofrimento do filho, também sofrem e podem propor ensino domiciliar. Existem outros fatores que levam os pais a tomar tal atitude, como religiosos, segurança, má qualidade, ou até mesmo querer impedir o convívio social do filho com crianças diferentes, que poderão influencia-lo a atitudes que os pais abominam.

Diante de tantos medos, os pais necessitam perceber o dano que causará aos filhos ao retirá-lo da escola, pois impedirão que sua liberdade seja exercida, e sua autonomia, ativada. É transformar os filhos em alienados por só transmitirem uma única visão de mundo: a que eles tem. É impedir que  social interfira no desenvolvimento do ser humano lhe dando visões e contato com o diferente, para que escolha que caminho seguir.

O ideal não é que os pais responsabilizem a escola da educação de seus filhos, nem vice-versa, e sim que haja um trabalho de ambas as partes, auxiliando o indivíduo em seu processo de autonomia.