Título Original: Bi-Mong
País: Coreia do Sul
Ano: 2008
Duração: 95 minutos
Gêneros: Drama, Romance
Direção: Ki-duk Kim
Roteiro: Ki-duk Kim
Elenco:
Joe Odagiri
Na-yeong Lee
Mi-hie Jang
Kim Tae-Hyeon
Ji-a Park
Formato: AVI
Tamanho: 700 MB
Legenda: Português/BR
Sinopse:
Artista plástico tem um pesadelo com um acidente que realmente acontece. A partir daí, sua vida começa a se confundir entre sonho, delírio e realidade.
Comentário:
Não imaginava que ‘Sonho’ seria um filme ‘expressionista’ como foi. Usaria o adjetivo surreal, se não fosse pelos fatos fazerem completamente sentido e estarem ‘mascarados’ pela visão dos personagens principais. Um incrível roteiro diferente dos outros filmes de Ki-duk Kim, realmente me surpreendeu. Logo quando inicia a cena da delegacia, percebi que o filme seria bem incomum, e isso alimentou minha atenção, curiosidade e, aguçou minha sensibilidade.
O fato de interligar os sonhos do personagem de Jin, um jovem solitário, cuja namorada o deixa, com os atos praticados por Ran, faz com que perdemos um pouco a noção de real e imaginário, já que é a visão desses protagonistas; que, aliás, foram maravilhosamente interpretados por Joe Odagiri e Na-yeong Lee.
Fiquei me perguntando por que o Jin fala japonês. Entendia muitas coisas do que ele falava, mas Ran e os outros personagens falavam em coreano. Achei muito engraçado isso. Principalmente nos diálogos iniciais, que eram sérios. Ao atender o telefone dizendo: ‘moshi-moshi’ foi demais! Realmente Ki-duk Kim é um gênio. Aconteceu várias outras coisas que não me pareciam lógicas, alias, não eram lógicas! Mais uma vez a temática, amor e sonho, se representa de forma literal nos atos confusos das personagens. Muitas perguntas o filme nos faz. E muitas outras fazemos ao filme, por exemplo, por que não dormiam, um de dia outro, à noite? Por que Jin prendera Ran ao seu braço e não no carro? Evitando assim toda àquela tragédia… É claro que não podemos esquecer de como ele era, principalmente ao se ver responsável pelas coisas que Ran fazia, dava-lhe atenção e proteção. E ainda, ao vê-la ‘presa’, considerou e culpou-se pela desgraça, mutilando-se arduamente.
Jin tinha que entender como sua ex-namorada se sentia. Ran tinha que entender como seu ex-namorado se sentia. Nada melhor do que outra pessoa para mostrar o que eles mesmos não enxergavam. Acontece que no Amor, às vezes é difícil dizer algumas coisas para não magoar, foi o que a ex-namorada de Jin fez, suportava suas atitudes, alimentando assim sua possessão. Assim, quando não mais suporta, o deixa. Jim mesmo percebe seu jeito quando diz, na cena do campo: “Você me fez assim.” Muito forte e impactante. Realmente a culpa não é apenas dele.
E Ran percebe como fez o namorado sofrer, ao ver Jin, também sofrendo pelo mesmo motivo, em uma cena onde ambos, na cama, algemados pela primeira vez, dormem; mas Ran acorda com o angustiado e doloroso choro de Jin, que mesmo dormindo sofre. Não aguentei, derramei várias lágrimas imaginando essa dor, esse vazio.
Com certeza conhecer Ran, fez com que ele sofresse mais no começo, quando viu que ela odiava o ex-namorado, e de certa forma, se comparou com ele. Quis redimir-se. Mas por fim, em poucos, mas sinceros momentos, ele é feliz novamente. Talvez isso mostre como é difícil amar outra pessoa, depois que já se amou verdadeiramente outra. Como é desgastante ver tudo o que fez em sacrifício, que foi em vão. Jin e o ex-namorado de Ran, que parecem interpretar a mesma pessoa, ter a mesma mente, dizem, separadamente: “Fiz tudo por você”.
Esse é seu penúltimo sonho, Jin está todo de branco, e Ran está toda de preto. Representando as cores, preto e branco, que são uma só, assim como ambos, segundo a psicóloga. Belíssima sequencia de cenas, onde os personagens trocam. No começo, o casal dos ex-namorados briga violentamente, em outro momento são Jin e Ran que estão brigando. O que me pareceu que, aquele sonho queria representar como são realmente, Jin: ciumento e possuidor, apesar de meigo, educado e protetor; e Ran, que por um lado aceita ser dele, por outro não.
O final do filme me tocou muito, pois nunca vi tão metafóricas cenas. A borboleta, presente no filme inteiro, em pequenos objetos pela casa de Jin e no colar dado à Ran, representa a metamorfose com que ambas as personagens passaram. Principalmente Ran, observe como do início ao fim do filme ela muda? Fica mais compreensiva e feliz. Quando os dois estão no templo, brincando, como estão felizes. Como transformaram a vida do outro.
Essa mudança de tristeza para felicidade dele é mostrada, quando a psicóloga aperta os olhos dele e pergunta o que vê, e ele diz enxergar preto, e no fim, ao se encontrar pela ultima vez com sua nova amada, diz enxergar uma borboleta. O amor dos dois é muito inocente e belo. Algo que, até para nós, telespectadores, pareceu percorrer anos, aconteceu só em 95 minutos. E por fim, inevitavelmente a morte, da forma mais linda possível.