Título Original: Les Quatre Cents Coups
País: França
Ano: 1959
Duração: 93 minutos
Gêneros: Drama, Policial
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Marcel Moussy
Elenco:
Claire Maurier
Jean-Pierre Léaud
Albert Rémy
Guy Decomble
Georges Flamant
Formato: RMVB
Tamanho: 323 MB
Legendado: Português
Sinopse:
Os Incompreendidos (Les quatre cents coups) é um filme francês de 1959, do gênero drama, dirigido por François Truffaut. O filme narra a história do jovem parisiense Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela contra o autoritarismo na escola e o desprezo dos pais Gilberte e Julien Doinel. Rejeitado, Doinel passa a faltar as aulas para freqüentar cinemas ou brincar com os amigos, principalmente René. Com o passar do tempo, as censuras o direcionarão, vivenciará descobertas e cometerá delitos em busca de atenção.
Comentário:
Primeiro longa-metragem de François Truffaut, produzido em 1959, inspirado na infância do próprio diretor. Sendo intimista e de baixo custo, Os Incompreendidos, caracteriza a Nouvelle Vague, fazendo Truffaut ganhar prêmio de melhor diretor em Cannes, mostrando o reconhecimento do estilo.
A Nouvelle Vague torna-se muito evidente, por causa a realidade que o filme cria: as cenas serem feitas tão de perto e serem “de verdade” – é só lembrarmos a cena em que Antoine está correndo e percebemos esse realismo, com a câmera trêmula, a cena sob um fundo silencioso, quebrado depois de alguns minutos pela trilha sonora do filme “Générique Et Car de Police” de Jean Constantin. A referência literária de Honoré de Balzac também é outro marco do movimento. Essas características são a negação do Cinema Industrial.
Antoine Doniel é um menino de 14 anos que faz alusão à Truffaut em uma sequência de 5 filmes, que mostram 5 fases da vida desta personagem: Os Incompreendidos (59), Beijos Proibidos (68), Domicílio Conjugal (70), O amor em fuga (79). O protagonista de Os Incompreendidos é Jean-Pierre Léaud, que interpreta espontaneamente, digno das atitudes de seu personagem. Querendo ser livre, Doniel não aceita as imposições escolares, e com a ausência dos pais vê a possibilidade da liberdade através das faltas à escola para ir aos parques, cinemas e andar pelas ruas de Paris com seu amigo René. Os pais não aceitando que a culpa do comportamento do filho é deles, preferem submetê-lo à uma espécie de reformatório, o desprezando. Ou seja, tratam o filho como se fosse uma comida, que depois de fazê-la, vendo que não ficara com o gosto muito bom, jogaram no lixo. É assim que a sociedade age muitas vezes cria seres diferentes que não aceita.
Mesmo estudando desde a infância, tem as pessoas que não querem estudar, as não querem ser nada, as que são incertas do que serão e as que não conseguem ser nada, mesmo com ensino superior, estas pessoas são claramente marginalizadas de alguma forma pela sociedade. Impor que todas as pessoas sejam iguais é um erro, talvez esse seja o maior erro da escolaridade obrigatória, porém se o homem não conhecer como saberá o que não quer para si? Mesmo com as incertezas, Doniel tentara estudar e esforçar-se, porém como suas “respostas” eram diferentes do senso comum, ele acabava sendo descartado e humilhado. O que de mal há nele em tentar parafrasear algum texto para produzir o próprio?
Os sintomas hitchcockianos em Truffaut, infelizmente, me foram imperceptíveis nesse filme. Acredito que esses sintomas existam pela sua admiração por Hitchcock que entrevistara e fizera um livro. Mas se tais sintomas inexistirem ficarei feliz por apesar de admirar algo, Truffaut tente ser original.
‘ Tive uma pequena reflexão quando um dia desses na Bodeguita, um amigo meu disse que não via necessidade de estudar a história do cinema, mas preferi engolir a seco a dizer algo no momento, necessitei de tempo para dizer o que pensei na hora, e eis aqui: Saber os nomes dos grandes gênios do cinema e da mídia, de nada mais valem para você a não ser dizer que os conhece. E conseguir perceber a beleza das películas, muitos conseguem. Mas se, ao contrário de muitos, entender o que tais diretores quiseram ao produzir seus filmes, o que está por trás de suas mentes, o que ocorrera na época que o levou a pensar tão diferente do que pensamos hoje. Usar de nossas experiências, trazendo nossos conhecimentos, principalmente de sociologia e da História do Cinema, para escrever e analisar uma película trará de uma essência e originalidade exclusivamente sua e profunda. Inclusive porque muitas vezes, certos filmes tiveram prestígio social não pela sua beleza, mas pela época em que foi feito, e por quem foi feito.
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[…] Outra influência é a introdução do filme, ela é a narração dos diretores, produtores, atores, etc. que estão por trás do filme, o que nos deixa curiosos. As introduções dos filmes de Hitchcock são maravilhosas e todos os seus filmes são milimetricamente pensados. Truffaut apesar das influências, deixa sua marca novamente: o baixo orçamento e o final do filme, que é questionador e o roteiro acaba em aberto, como em Os Incompreendidos. […]